07 novembro, 2009

O tostão que não se vende

O texto abaixo foi escrito por Tostão ( Jogador de futebol, comentarista esportivo, escritor e médico) e foi publicado em vários jornais do Brasil.


Tostão
Na semana passada, ao chegar de férias, soube, sem ainda saber detalhes, que o governo federal vai premiar, com um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo pelo Brasil em todas as Copas.
Não há razão para isso. Podem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa quantia.
O governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas lutaram da mesma forma? Além disso, todos os campeões foram premiados pelos títulos.
Depois da Copa de 1970, recebemos um bom dinheiro, de acordo com os valores de referência da época. O que precisa ser feito pelo governo, CBF e clubes em que esses atletas atuaram é ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores e suas famílias, como pensões e aposentadorias.
É necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para ter condições técnicas e emocionais de exercer outras atividades. A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda. Alguns vão lembrar e criticar que recebi, juntamente com os campeões de 1970, um Fusca da prefeitura de São Paulo.
À época, o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a consciência que tenho hoje, não aceitaria. Tinha 23 anos, estava eufórico e achava que era uma grande homenagem. Ainda bem que a Justiça obrigou o prefeito a devolver aos cofres públicos, com o próprio dinheiro, o valor da compra dos carros.
Não foi o único erro que cometi na vida. Sou apenas um cidadão que tenta ser justo e correto.
É minha obrigação.
É a obrigação de todos.

     Esta bandeira também é minha porque Sepé Tiarajú defendeu seu povo contra a colonização dos espanhóis e portugueses;      Esta bandeira...