A guerra civil na Colômbia permanece desconhecida pelo povo brasileiro, apesar das trágicas conseqüências para a população deste país nos últimos 50 anos. Tratada pela imprensa nacional e internacional como uma questão de ordem policial, a luta é descrita como um duelo entre o estado colombiano e um grupo de guerrilheiros envolvidos com o narcotráfico. Essa versão simplista do conflito deixa de lado uma série de elementos que são indispensáveis para entender a problemática.
Historicamente, o nascimento da guerrilha aconteceu muito antes de a Colômbia surgir como grande produtora de pasta de coca e formar grandes cartéis de narcotraficantes. Esses criminosos aparecem mais tarde, quando a oligarquia colombiana não tinha mais forças para derrotar a guerrilha pelos meios convencionais, forças policiais e militares ligadas ao estado colombiano, a elite sim, viu na atividade ilegal do narcotráfico o meio de financiar a organização de tropas irregulares (verdadeiros exércitos privados), mais conhecidos como grupos paramilitares, famosos pela forma extremamente violenta que agem contra a população.
No cenário da guerra civil colombiana, estão unidos em uma grande aliança o grosso das classes dominantes locais (latifundiários, empresários dos mais diversos setores, representantes do capital internacional), seguimentos das camadas médias urbanas, militares, políticos, paramilitares e narcotraficantes. Sobre o atual presidente Álvaro Uríbe, pesam fortes suspeitas de envolvimento com o narcotráfico, em especial com o grande chefe do cartel de Medellín, Pablo Escobar, morto em 1993, e com os grupos paramilitares de extrema direita.
Do outro lado deste conflito estão as guerrilhas, com ideologias de esquerda, e, com apoio da maioria das periferias das cidades, camponeses pobres e povos da floresta. É imperativo que tenhamos uma visão critica, mas ao mesmo tempo real desta guerra que se trava ao nosso lado, porque o que parece, é que nossos meios de comunicação, tão atrelados ao capital internacional, não querem assim. Na Colômbia nossos irmãos latinos estão vivendo um estado de guerra, essa é a verdade.
Acrizio Galdez é formado em ciências políticas pela Univercidad de La Generalitad de Catalunia